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Opinião A Música do Silêncio de Patrick Rothfuss




 

Sob a Universidade há um lugar escuro. Poucas pessoas sabem da sua existência: uma rede descontínua de túneis antigos, corredores serpenteantes e salas abandonadas. Ali, no meio desse local esquecido, situado no coração dos Subterrâneos, vive uma jovem.

O seu nome é Auri, e é uma jovem cheia de segredos. 


A Música do Silêncio é um vislumbre breve e agridoce da sua vida, uma pequena aventura só dela. Ao mesmo tempo alegre e inquietante, esta história oferece-nos a oportunidade de ver o mundo pelos olhos de Auri. E dá-nos a oportunidade de conhecer algumas coisas que só ela sabe...

Neste livro, Patrick Rothfuss leva-nos ao mundo de uma das personagens mais enigmáticas da série «A Crónica do Regicida». Repleto de segredos e mistérios, A Música do Silêncio é uma narrativa sobre uma jovem ferida a tentar viver num mundo destruído.




O que dizer deste livro? É difícil exprimir o conjunto de todas as minhas reacções e considerações à escrita de Patrick Rothfuss e à sua história! Muito fica por dizer.


Antes vou contextualizar …, esta é a primeira obra que leio do autor. E ao contrário do que o autor recomenda na sua nota introdutória, eu decidi, por conta e risco, começar por este livro sem ler os anteriores! Para terem uma melhor ideia do que achei deste livro vou ter que vos tentar transmitir a evolução da minha opinião! Estranho? Tudo neste livro é estranho ;) , e ainda assim aceitável e coerente …


Quanto à escrita do autor, achei-a deliciosa, com personalidade e com um sentido de humor grandioso. É uma escrita “verdadeira” e atractiva. Um autor cujas notas são deliciosas e mostram uma grande versatilidade e perícia.


Gostei de ambas as notas do autor, a introdutória e a final, contextualizam um pouco a história e a sua razão de ser. Na nota final ficamos na dúvida, quando ele fala de uma amiga (“Vi”) a quem pediu opinião sobre a obra, se o que ele ouviu foi de facto o que a sua amiga disse ou o que o álcool quis que ele ouvisse. Não falo num sentido pejorativo, mas falo nos próprios relatos que o autor nos ofereceu com o seu arguto bom humor. Não deixa de ser uma forma ardilosa de se escudar e justificar a escolha de publicar a mesma. Inteligente.;)


Quanto à história. … É sem dúvida diferente! Aborda a vida de Auri, uma jovem que tem uma vida, no mínimo, peculiar. Não pude deixar de relacionar a vida da personagem com a arte milenar do Feng Shui*. Há uma preocupação genuína em respeitar o objecto, o espaço. Uma preocupação em encontrar o local, a posição perfeita para que a energia positiva seja harmoniosa e contribua para o bem-estar da personagem. 


Quanto à forma. A primeira coisa que salta à vista é a falta de diálogos! Também não há conflito (ou é quase inexistente!). Acção? Humm, como direi isto … dependendo da definição de cada um, poderemos aceitar que haja resquícios de acção… Há sem dúvida um objectivo, uma evolução, se quiserem, da personagem. Algo que a move, algo que a incita. No final do livro, pensava eu para mim, mas será que eu não consegui vislumbrar a história em toda a sua amplitude? O que me falhou? Algo terei deixado passar.


A resposta veio numa nota final do autor, que não só corroborou todas as minhas impressões (e me deixou mais descansado, convenhamos) mas também me deu uma justificação para esse facto. Esta era uma história que tinha que ser escrita, esta era uma história que tinha que ver a luz, ou expor-se à luz do público. Era uma história que não tinha que estar amarrada a convenções, que já tinha uma forma definida e não se podia adaptar a um molde e perder a sua essência.


Esta história será além de tudo controversa, dividirá opiniões, estou certo. E já pude confirmá-lo no muito que se tem escrito. Mostra algo mais do autor, a sua coragem em se expor por aquilo que acredita, embora houvesse renitência conforme ele mesmo admite.



Quero ler mais do autor, isso é certo, fiquei muito curioso. Vou tentar arranjar as duas obras anteriores do autor e voltar aqui para dar a minha opinião sobre as mesmas. Gostei do sentido de humor, da sua genuinidade, da sua escrita, da sua coragem e da sua atitude de desafio.


Li esta opinião a três pessoas, e li duas passagens das notas do autor. E a reacção foi “Tenho que ler este livro!”. Pobre é o livro que não dê lugar a alguma controvérsia. ;)


*(wikipedia: Segundo esta corrente de pensamento, estabelecendo uma relação yin/yang, os ideogramas Feng e Shui (respectivamente Vento - yang - e Água - yin -) representariam o conhecimento das forças necessárias para conservar as influências positivas que supostamente estariam presentes em um espaço e redirecionar as negativas de modo a beneficiar seus usuários.









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Um Estranho Lugar Para Morrer de Derek B. Miller.


«A inteligência de um romance literário sob a forma de thriller.»
New York Times

 

Sheldon, um judeu americano, parece ter chegado ao fim da linha. É viúvo, tem 80 anos, e revela sinais de demência. A filha, preocupada, decide levá-lo para Oslo, onde vive com o marido. 

Um dia, quando o deixa sozinho no apartamento, Sheldon ouve ruídos na escada. Percebe que é uma vizinha a ser perseguida, a tentar proteger desesperadamente um filho pequeno. A mulher acaba por ser morta selvaticamente. Mas o octogenário consegue, in extremis, esconder a criança dos perseguidores. É o ponto de partida de um romance onde tudo nos surpreende. 

Aos poucos, juntamos as peças do puzzle. Sheldon é afinal um ex-veterano da Guerra da Coreia, que há décadas vive num secreto inferno, a tentar expiar um crime involuntário. Num último esforço para se redimir, assume como missão salvar o filho da vizinha. Numa terra desconhecida para ambos, começa uma fuga épica, que os levará aos confins da Noruega - e uma perseguição implacável, movida por um gangue kosovar.

Um estranho lugar para morrer, considerado o melhor romance do ano por uma série de publicações, desafia qualquer definição. O ritmo e a tensão absolutamente sufocantes remetem para o thriller moderno, do mais fino recorte escandinavo. Mas o autor, um ativista do desarmamento e dos direitos humanos, usa a dramática epopeia de Sheldon para pôr a nu a violência latente na cultura ocidental.


 
Derek B. Miller é o diretor do Policy Lab, um instituto internacional de "design político" que se dedica a ajudar organizações a conseguirem um maior impacto social através do design. É também membro do Instituto das Nações Unidas de Pesquisa para o Desarmamento, onde trabalhou durante cerca de dez anos.

Doutorado em Relações Internacionais pela Universidade de Genebra, concluiu um mestrado em Estudos sobre Segurança Nacional na Universidade de Georgetown. Vive em Oslo, com a mulher e os dois filhos.


Um estranho lugar para morrer, o seu romance de estreia, tornou-se um bestseller internacional e foi publicado em doze países.

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Opinião Infiltrado de Jeff Abbott



 
Quando o melhor cliente de Sam – e amigo – é assassinado à porta do seu bar de Miami, Sam decide procurar justiça. Determinado a descobrir a ligação entre a morte do amigo e uma bela e misteriosa desconhecida, Sam infiltra-se no seio dos Varela, uma das famílias mais importantes e perigosas de Miami.

Agora no seio da família, a desempenhar um papel onde um movimento errado significa a morte, Sam enfrenta um poderoso e instável magnata que tenciona dividir o seu império empresarial entre os três filhos, todos eles muito diferentes e com os seus próprios segredos assassinos.

Sam é implacavelmente arrastado para o drama intenso da família, recordando-se de forma dolorosa das suas próprias relações destroçadas como filho, irmão, pai e marido. E justamente quando acha que compreende por que motivo a família está a autodestruir-se e se prepara para desmascarar o assassino, descobre um segredo mortal tão chocante que os Varela não podem deixá-lo partir com vida...

 





Inconformado com o assassinato do seu amigo, Sam não vai descansar enquanto não descobrir quem está por trás deste crime, ainda que tenha que ir contra a organização que o protege! Com a sua rede de bares em pano de fundo, Sam enceta mais uma aventura no seio de uma poderosa família chamada Varela em Miami.

Criativo e com uma forte dose de adrenalina, à semelhança dos livros anteriores. 


Gostei do livro, achei-o apelativo e com grandes argumentos que justificam claramente uma leitura atenta. A violência, os bastidores do poder, o contrabando, a tortura e assassinos profissionais são alguns dos elementos que adornam esta história.


Quanto ao enredo, do ponto de vista de construção da história a estrutura escolhida foi a "Fate structure", ou seja, começamos por um evento que se dá no presente e através de um flashback descobrimos como a(s) personagem(ns) chegou(aram) àquela situação especifica (que normalmente é tremendamente dramática).


Gosto deste tipo de construção, porque cria no leitor desde logo, uma necessidade de conhecer o "como" se chegou até ali, cria uma empatia com a história, uma cumplicidade e "dependência" inconsciente. Normalmente estes eventos são dramáticos e contêm uma grande carga emotiva deixando no ar a "resolução" do livro, como é o caso.


O livro é-nos apresentado sob a perspectiva de Sam, como é habitual.


Gostei também muito da parte criativa da história, do suspense que Jeff Abbott tão bem doseou na evolução da história. A explicação do que fazem os clientes e porque precisam dos serviços da família Varela é um dos pontos altos do livro. Parece-me um cenário interessante a ser explorado em livros anteriores (deixo a dica...).


Para quem segue a série, como eu, este é um livro que nos dá mais sobre Sam, o final deixa algumas portas abertas que poderão ditar a evolução dos próximos livros e consequentemente a série. Ou seja ,além de poder ser lido isoladamente - Jeff Abbott teve o cuidado de explicar detalhes relevantes para contextualizar Sam e o seu passado - é também um livro que marca e trás novos factos (e perguntas) à história, enriquecendo o enredo.

Relativamente às personagens:


Achei interessante a preocupação de uma assassina com os seus pupilos, esta aparente contradição entre assassinos frios e distantes com um ligação umbilical com os seus discípulos, é uma espécie de molho agridoce que acompanha o prato.


Sam não consegue estar longe da acção, denota-se preocupação com o seu filho, mas ainda assim à algo que o impele para o vertice da acção, não se coibindo desta nem quando a sua vida está em perigo. Neste livro vemos também um Sam mais emotivo, humanizando a personagem. Embora, confesse, que gostaria de ver um Sam mais próximo do seu filho, com uma necessidade mais premente de afectividade.


É seguramente um livro que não posso deixar de recomendar.

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