Entrevista com Carla M. Soares


1 - Estamos perante a sua primeira obra ("Alma Rebelde"), um romance histórico, se tivesse que escolher uma frase para descrever o livro qual seria?

Alma Rebelde é uma narrativa romântica, que nasceu da ideia da troca de cartas entre primas, e depois cresceu sozinha para outra coisa um pouco diferente. É uma história de amor, mas também de confronto entre o secreto desejo de liberdade de uma jovem e o seu medo do futuro, presa na gaiola de ouro que muitas vezes era o casamento na época.

2 - Joana é a personagem principal do seu romance, há Carla Soares em "Joana"?

Oh, só se for a Carla de há 20 anos atrás! A minha resposta automática seria não. A Joana é uma menina, novinha e de outra época, com batalhas internas que nós, mulheres europeias do século XXI, já não temos. Mas não é bem assim. Há sempre qualquer coisa do autor nas suas personagens, quanto mais não seja a imaginação. A Joana tem um lado inconformado, bem escondido, e um medo do futuro que talvez eu tenha tido também, numa fase em que ainda se justificava tê-los. O que quero dizer é que, se tivesse sido uma jovem na sua situação, talvez não fosse muito diferente.

3 - Quando o "bichinho da escrita" se revelou?

É mesmo um “bichinho”, como diz, que fica cá dentro, latente, à espera de um determinado momento para se manifestar. Para escrever narrativas é preciso uma predisposição mental, uma espécie de disciplina que eu só tive depois dos trinta, com vários anos de trabalho e dois filhos... coincidiu, mais coisa menos coisa, com a altura em que me senti capaz de voltar a estudar e fui fazer mestrado. Lia muita fantasia, que precisa sempre de histórias bastante dinâmicas e bem arredondadas, surgiu-me uma ideia e decidi ver até que ponto era capaz de levá-la. Levei-a até ao fim, 300 páginas de uma história, com mapas e tudo, que ainda hoje merece o meu respeito ! Depois disso, não parei mais, devo ter sete ou oito originais na gaveta, quase todos de fantasia / fantástico... e nem todos dignos de verem a luz do dia sem muito trabalho! Alma Rebelde foi o primeiro (mas não o último) fora desse género, e é também o mais curto e mais romântico que escrevi até agora. Curioso, não é?

4 - Como se desenrola o seu processo criativo? É do tipo de escritora que se protege num escritório fechado para se concentrar, ou necessita de um ambiente mais aberto e com mais estímulos sensoriais para escrever?

Escrevo em qualquer parte, em silêncio ou com montes de barulho. Gosto particularmente de estar à mesa de uma pastelaria, sozinha com um café, numa espécie de “bolsa” de ruído, mas na verdade tanto faz. Uma vez envolvida no que estou a fazer, basta-me que não falem comigo. As minhas colegas até me gabam essa capacidade de concentração no meio da confusão ( estou a sorrir, hem!)! Quanto ao “processo criativo”, gostava muito de dizer que tenho a organização suficiente para planear uma história do início ao fim e seguir o plano. Geralmente tenho uma ideia do que quero fazer e onde quero que as personagens vão dar, mas às vezes trocam-me as voltas e as histórias mudam, vão crescendo, seguindo os seus próprios rumos. O fim nem sempre é o que previra inicialmente. E releio e reescrevo muito, confirmo as coisas, altero... cada vez que releio um texto há coisas que me apetece alterar. Até tive que forçar-me a não ler mais o Alma Rebelde, já sob a forma de livro, apetecia-me mudar, mudar, mudar!

5 - Altura do dia preferida para escrever?

Escrevo mais e melhor de manhã, mas essa não é sempre uma opção... sou professora, o meu dia começa às 8.30, todos os dias da semana! Ao fim de semana vingo-me, passo a manhã a escrever ou a rever texto. Em geral, ando sempre com o netbook, parece uma extensão do meu braço, e escrevo quando posso.

6 - Alguma obra literária que a tenha marcado, Qual?

Tive muitos e bons clássicos na minha formação académica, Shakespeare, Walt Whitman, Eça de Queirós, Fernando Pessoa, e li muitos outros por gosto, como Tolkien, Somerset Maugham, Ernest Hemingway. Leio muito e há vários autores que aprecio, não rejeito nada à partida por causa do género. Pego com o mesmo gosto em Saramago, Murakami ou Zafon, como em Julia Quinn, Anne Bishop ou Juliet Marillier, uma amostra muito escassa daquilo que gosto de ler.

Obrigado Carla, pela simpatia e por ter aceite o nosso convite, esperamos a breve trecho poder apresentar um comentário sobre o livro. A Equipa Livros e Marcadores.

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3 Responses to Entrevista com Carla M. Soares

  1. Muito simpático da vossa parte, obrigada!

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  2. Parabéns pela iniciativa e sobretudo parabéns á Carla, pelo concretizar de um sonho. Tentarei estar na feira do livro, aquandoá apresentação da sua alma rebelde. Muitos parabéns e votos de muito sucesso carla.
    Nuno Chaves

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  3. Parabéns, anseio por ler o livro.
    Diana

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