Opinião: Deixa dormir o diabo



  

David Gurney, um ex-detetive da Polícia de Nova Iorque, aceita encontrar-se com uma jovem que está a realizar um documentário sobre o Bom Pastor. Uma década atrás, uma série de assassinatos fizeram deste serial killer notícia de primeira página. Mas os crimes pararam, sem que ninguém tenha percebido porquê.

Para o FBI este era um caso arquivado, até que Gurney descobre elementos que a investigação inicial tinha desprezado e arrisca a própria vida para encontrar o Bom Pastor, transformando-se no próximo alvo do assassino.

Dave Gurney sabe que está perante um homem perigoso e inteligente … um diabo que despertou..


 
"Deixa dormir o Diabo" é o terceiro livro de Jonh Verdon da série "Dave Gurney", e que como todos os bons autores fazem, vale por si só.

A história roda à volta de um inteligente serial killer, apelidado de "o Bom Pastor", que 10 anos atrás matou pelo menos 6 pessoas. O caso teve tal impacto que se tornou um "case study" da comunidade forense e sobre o qual se teceram teorias que serviram de referência para os profissionais da área. Um caso arquivado pelo FBI, mas que levantou muitas dúvidas a David Gurney (ex-detetive da Polícia de Nova Iorque) quando começa a ser analisado, no papel de consultor de um programa de televisão que versa sobre os familiares das vitimas deste serial killer. 

O que acontece se David Gurney começa a por em causa todas as conclusões do FBI? E se Gurney começa a aproximar-se da resolução dos crimes 10 anos depois? Já imaginaram quais os obstáculos com que alguém se depara quando "rema contra a corrente" e lida com interesses instalados?

Um thriller intenso que revela uma maturidade invejável nas escolhas assumidas pelo autor. 

A mecânica dos dois livros de John Verdon que li baseiam-se na procura do responsável pelo crime ou crimes, mantendo sempre em aberto uma série suspeitos, o que transmite ao leitor um desejo irresistível de ler o livro de uma assentada, e o fazem tentar descobrir o "assassino" com as pistas que Dave vai recolhendo. Foi o que me aconteceu a mim, mais uma vez.

A personagem Dave Gurney, construída sobre um detective reformado, que necessita da adrenalina dos tempos em que estava no activo, mas que contudo começa a percepcionar a sua fragilidade. De uma forma coerente, esta personagem é confrontada com as escolhas que fez no passado, dando prioridade a uma vida profissional bem sucedida e relevando a sua vida familiar para segundo plano. Este jogo emocional, e de auto análise dão profundidade à personagem.

Todos conhecemos a personagem cliché do detective arguto que povoa o mundo literário, e todos nós queremos mais... Eu gosto de personagens fortes, mas ainda assim frágeis, cujas fragilidades possamos reconhecer e nos possamos identificar. E Dave Gurney superou essa barreira, são estas, o que eu considero personagens "maiores". 

Um pequeno aparte, que explica estas escolhas do autor está numa entrevista que o autor deu, disse que o importante para ele era sobretudo a “realidade emocional”.

Gostava de destacar uma personagem brilhante, embora secundária, que me apaixonou, o Hardwick, a ligação de Dave a recursos dentro da polícia e ex-colega deste, é também uma personagem magnífica. Os seus diálogos, e as suas provocações, seriam por si só um bom argumento para ler este livro.
Como li algures, e subscrevo, John Verdon combina nesta história bons momentos de suspense, mistério e "oportunidade".

Um bom thriller, que qualquer leitor não vai querer perder.

Desta série fazem parte também:

#1 - "Pensa num núm3ro" (que já entrou na minha estante e aguarda a oportunidade de ser lido) e
#2 - "Não abras os olhos" - um livro que recomendo a todos os níveis. Podem ler a opinião aqui.






This entry was posted in , , . Bookmark the permalink.

Leave a reply