Opinião: Erebos de Ursula Poznanski





 

Para mais informações consulte o site da Editorial Presença aqui.
 

Numa escola de Londres um misterioso e viciante jogo de computador circula entre os estudantes, mas ninguém fala disso abertamente. 


As regras do jogo são extremamente rígidas. Cada jogador tem apenas uma oportunidade e se perder nunca mais pode entrar no jogo; deve estar sempre sozinho e não pode falar a ninguém sobre o seu jogo. Quem violar estas instruções é também eliminado. O jogo é inteligente e interage com o jogador como se o vigiasse constantemente. As missões atribuídas devem ser concretizadas no mundo real. 


Quando Nick Dunmore começa a jogar, sente-se de imediato absorvido, aprende as regras e avança rapidamente; contudo, vê-se forçado a questionar as implicações deste jogo perigoso. Qual o verdadeiro objetivo? E que segredo esconde? Um livro que os apreciadores de fantasia, jogos de computador, lendas urbanas, distopias, não devem perder.


Erebos é um jogo. Ele observa-te... .



Todos sabemos o quanto irresistível e absorvente pode ser um jogo de computador. Como pode consumir a nossa total atenção e energia de uma forma assustadora. Como facilmente desenvolve um fascínio avassalador. E se o jogo salta-se para a vida real?

Começo logo por dizer, que o livro me surpreendeu muito e pela positiva! 

Inicialmente pensei: como pode um livro agarrar um leitor falando sobre um jogo interactivo, quando em alternativa o leitor pode jogar jogos similares “reais”? Quais os argumentos para levar o leitor a optar por este livro? Não será muito arriscado? Vivemos numa altura em que a constante vida on-line e constante interacção são dados adquiridos, e a máxima é vivenciar na primeira pessoa a experiência, porquê trocar essa visão por a visão de alguém de fora, e ainda que abrangente, viver a experiência na pele de um mero espectador?

Constatei quase de imediato que o livro tem argumentos de sobra para agarrar o leitor! A temática dos jogos virtuais é aliciante, e utilizando a voz certa a autora conseguiu trazer a adrenalina que esses jogos têm para esta história. Com muito talento, a autora construiu uma história que vicia e sem dúvida prende o leitor mais insuspeito.

A personagem divide-se entre dois mundos, o virtual e o real. Vivência a sedução de se poder reinventar, de uma forma anónima, sem qualquer tipo de juízo de valor. Vive a obsessão que é não querer largar este mundo virtual e mostra como as prioridades de alteram. Como grande parte dos apelativos da vida real se começam a esbater e perder definição.

Para mim o alcance è bem mais profundo do que aquele que à partida pode parecer! Utilizando uma forma engenhosa leva o leitor à reflexão, ainda que inconsciente, leva-o a questionar os atractivos e perigos dessa realidade. De permitir ter outra perspectiva do jogo, lhe facultar o distanciamento necessário para olhar e poder opinar de uma forma mais isenta, sem pressões e por isso com mais impacto sobre si mesmo.

Com uma atitude provocadora a autora revela ainda a fragilidade da segurança do nosso lar e o sedutor que é reinventarmo-nos à medida das nossas pretensões e desejos. Enredo coerente e inovador que surpreende.

A autora foi audaz e corajosa com franco sucesso. Características muito vincadas em toda a narrativa e que tornaram este livro uma leitura que ultrapassa o mero entretenimento. Recomendo.



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