Opinião: A bibliotecária de Auschitwz

A bibliotecária de Auschitwz 
 by Antonio G. Iturbe





Título: A bibliotecária de Auschitwz
Autor: Antonio G. Iturbe


Págs: 384

Editora: Planeta


Género: Histórico/Romance

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O Livro

Um livro diferente de tudo o que já leu sobre o Holocausto e de que poucos têm conhecimento. Pela primeira vez ficamos a saber da existência de livros num campo de extermínio.

Minuciosamente documentado, e tendo como base o testemunho de Dita Dorachova, a jovem bibliotecária checa do Bloco 31, este livro conta a história inacreditável, mas verídica, de uma jovem de 14 anos que arriscou a vida para manter viva a magia dos livro, ao esconder dos nazis durante anos a sua pequena biblioteca, de apenas oito volumes, no campo de extermínio de Auschwitz.

Este livro é uma homenagem a Dita, com quem o autor tanto aprendeu, e à memória e valentia de Fredy Hirsh, o infatigável instrutor judeu do Bloco 31 que criou em segredo uma pequena escola e uma ainda mais minúscula biblioteca, apenas com oito livros.

No meio do horror, Dita dá-nos uma maravilhosa lição de coragem: não se rende e nunca perde a vontade de viver nem de ler porque, mesmo naquele terrível campo de extermínio nazi, «abrir um livro   é como entrar para um comboio que nos leva de férias.»


Opinião 


Este é um livro assombroso, tocante e realmente humano.

Esta obra transcende a mera ficção, é uma obra que marca o leitor.

Oferece um retrato de uma realidade que nos parece impossível de conceber por mais vezes que se fale sobre ela. 

A história cativa e faz-nos torcer por desígnios diferentes daqueles milhões de pessoas. Conhecemos a realidade mas ainda assim queremos acreditar que algo diferente pode alterar-lhe a sorte e o passado.

O valor desta obra reside na lembrança do que sucedeu, no seu papel histórico, na procura de que determinadas verdades não se percam (ou as façam perder) nas brumas da memória colectiva. Temos tendência a esquecer, julgo que é um mecanismo de auto-preservação humano. Mas a história mostra-nos, que a vida como muitas outras coisas, é feita de ciclos, e com mais ou menos detalhes voltamos a ver erros hediondos que se repetem. Quero acreditar que este episódio histórico vai prevalecer para nos lembrar da ténue "humanidade da humanidade".

Tenho a certeza que por mais que visualize estes relatos e me toquem fundo no meu âmago, que a minha percepção é ínfima em relação ao que de facto aconteceu.
Esta obra oferece-nos também um relato da vida de uma mulher forte, energética, vincada que apesar da tenra idade se impõe uma maturidade transcendente.

Sempre gostei de sublinhar que uma das peças que mais me fascinam nos livros são as personagens, Dita, apesar de real, acaba por se tornar uma personagem extraordinária desta história que é a vida com uma construção (e narração) exemplar. Será para mim uma heroína, um foco intenso de força e determinação. Uma menina com uma inocência tórrida e uma perspicácia arguta. Tal é a força interior e a sua intensidade de viver, como refere o livro, que nem Hitler a conseguiu derrotar.

Gostava de realçar o cuidado das precisões históricas (e investigação) que o autor teve o cuidado de oferecer ao leitor. 

Um livro intenso que não posso deixar de recomendar.


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